A obra apresentada hoje tem um céu escuro, tempestuoso, que dá ao observador a ideia de que naquele instante a artista não vislumbrava um horizonte claro. Ou seja, seu futuro era uma tempestade iminente. Além disso, o piso da obra parece sem vida, somente areia e mais nada, quase tão sem vida quanto uma das duas Fridas apresentadas acima.
As duas mulheres olham para o mesmo lugar, sustentando um olhar altivo, concentrado e enigmático. Suas peles se diferenciam pela tonalidade - uma delas é mais clara - assim como por suas expressões faciais. Outro ponto que diferencia as duas é o vestido. Aqui a peça branca, com detalhes florais em vermelho, gola alta, peitoral e mandas trabalhadas - talvez influência de uma recente viagem a Paris - apresenta uma Frida mais feminina, enquanto a outra é representada com roupas do cotidiano da artista, com cores fortes, poucos detalhes e barra enfeitada.
A exposição do coração em ambas as figuras, que se interligam por uma artéria, também chama a atenção do observador. O coração da Frida tipicamente vestida aparece inteiro, ainda que fora do corpo. Já a outra está com o coração partido. As mãos dadas mostram que a Frida de coração inteiro é quem toma conta da outra. Toda essa dor pode se tratar de um rompimento com Diego Rivera, seu marido com quem teve uma vida conturbada, e isso fica evidente pelo aparelho cirurgico na mão da Frida feminina, enquanto suas vestes estão salpicadas com sangue.
Las duas Fridas |
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Por Kahlo Elias